terça-feira, 12 de julho de 2011

Faltou planejamento antes e durante as obras do trecho sul do Rodoanel


É fato que grandes construções como o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas provocam mudanças sociais em seu entorno. As mulheres da região que engravidaram de funcionários da obra, como o Diário evidenciou na edição de ontem, são um exemplo disso. Os transtornos poderiam ser minimizados se houvesse planejamento adequado e trabalho de prevenção antes e durante a execução do anel viário. Esta é a avaliação do sociólogo da Universidade Metodista Oswaldo de Oliveira Santos Júnior.

O especialista explicou que o aumento no número de grávidas em comunidades vizinhas à obra não foi exclusividade do Rodoanel. "Toda grande intervenção tem esse impacto social no País, porque atrai muitos homens de várias regiões em busca de trabalho. Muitas vezes eles criam vínculos frágeis com o lugar e, ao terminar a obra, voltam para onde moravam, deixando mulheres e crianças para trás", destacou.

Para Santos Júnior, intervenções desse porte deveriam prever o impacto social que causarão à população. "Antes e durante as obras deveria ser feito um trabalho de orientação com essas mulheres, de forma a enfatizar a questão sexual e o planejamento familiar", disse.

Como isso não foi feito na região, resta ao poder público cuidar dos filhos do Rodoanel. "Essas mulheres precisam ser acolhidas na rede pública de Saúde e Educação. Elas vêm de comunidades que enfrentavam problemas antes mesmo do início das obras", afirmou.

PODER PÚBLICO
Jardim Represa, Canaã e Batistini são alguns dos bairros de São Bernardo nos quais o Diário encontrou filhos de funcionários da obra. Segundo a diretora do departamento de atenção básica da cidade, Isabel Fuentes, duas equipes do Programa Saúde da Família começaram a atuar na região no início de 2010, quatro meses antes da entrega do complexo viário.

O objetivo do programa, conforme assumiu Isabel, é exatamente orientar e promover o diálogo entre os serviços de Saúde e os moradores. "Ações desse tipo poderiam ter diminuído o número de mulheres grávidas, embora levantamentos da Secretaria de Saúde não tenham identificado aumento significativo de gestações naquela região", afirmou.

As prefeituras de Mauá e Santo André, que também abrigaram canteiros de obras do Rodoanel, não fizeram nenhum levantamento específico para determinar se houve aumento no número de grávidas nas regiões vizinhas à construção. Elas se limitaram a informar que, se houve, mulheres e filhos serão atendidos na rede pública de Saúde e Educação das cidades, o que é direito de todo e qualquer cidadão.

Rodoanel separa comunidades vizinhas, afirma especialista

Ao invés de trazer benefícios e progresso às comunidades vizinhas, o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas acentuou as diferenças sociais entre elas e o restante das cidades do Grande ABC.

O sociólogo da Universidade Metodista Oswaldo de Oliveira Santos Júnior destacou que a forma como o anel viário foi construído separou comunidades e criou dificuldades de acesso a serviços básicos como Saúde e Educação. "As pessoas que vivem ao lado da rodovia não têm acesso a ela. A riqueza que trafega pelo Rodoanel não chega às mãos de quem mais precisa", afirmou.

Na opinião de Santos Júnior, o Rodoanel, ao invés de integrar, criou mais abismos sociais. "O planejamento se limitou à Secretaria de Transportes, sem pensar nas demais consequências", criticou.

Do Diário do Grande ABC

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