sábado, 30 de julho de 2011

Promotor cobra ação contra impacto social de Rodoanel


Trecho sul do Rodoanel em Mauá, na Grande São Paulo; promotor cobra ação contra impacto social da obra


O promotor Maurício Ribeiro Lopes encaminhou na terça-feira (26) um ofício à Dersa e à Secretaria de Transportes de SP com o intuito de evitar impactos sociais no entorno das obras dos trechos norte e leste do Rodoanel, as próximas etapas da construção.


Reportagem publicada no último domingo pela Folha mostrou que a migração de operários aumentou o número de grávidas abandonadas --inclusive adolescentes-- no entorno da obra do trecho sul, em São Bernardo do Campo (Grande SP).

No ofício, Lopes pede 'indicações do tipo de providências que adotarão para evitar que esses problemas se reproduzam'. Já existem dois inquéritos do Ministério Público para apurar eventuais irregularidades no trecho norte. Esse ofício será juntado ao inquérito.

'A gente pode passar a exigir um dimensionamento das consequências sociais no estudo de impacto ambiental dessas grandes obras.'

Na terça-feira (26), cinco vereadores de São Bernardo do Campo se reuniram com moradores para discutir a questão e agendaram para o próximo dia 8 uma audiência com presença de deputados estaduais e federais da região.

O governo federal diz já ter tomado providências para que o problema não ocorra na obra da usina de Belo Monte, no Pará.

Segundo o secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Rogério Sottili, um decreto de outubro criou um grupo de trabalho para levar a presença do Estado à região.

'Esse comitê gestor começa a preparar propostas de serviços públicos --de saúde, educação, combate à exploração sexual da criança e adolescente, que infelizmente é uma consequência de canteiros de grandes obras.'

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O mito do planejamento tucano nas obras viárias da região metropolitana de São Paulo

O governo do Estado de São Paulo, nas mãos do PSDB há 16 anos, sempre se gabou de excelência administrativa, com seus “choques de gestão” e com a qualidade de seu planejamento, marca registrada de uma administração supostamente austera na realização e cumpridora de prazos. Não é o que os munícipes têm visto. A seguir, estão expostos alguns casos nos quais a falta de planejamento, alem de causar atraso no prazo de entrega das obras, acarreta um sobrepreço, muito superior aos gastos previstos inicialmente na licitação. A má gestão do dinheiro público e o seu consequente desperdício são a real marca dos governos do PSDB em São Paulo

Na Jacu-Pêssego, o aumento do valor da obra chega a 175%

A Jacú-Pêssego é uma avenida da capital paulista construída em 1996. Com a inauguração, em 2008, do acesso Rodovia Airton Sena, foi anunciado o seu prolongamento, entre o trevo da Avenida Ragueb Chohfi, na zona leste da capital, até a Avenida Papa João 23, em Mauá, possibilitando aos motoristas chegar ao trecho sul do Rodoanel. Essa obra, que fazia parte do calendário eleitoral de inaugurações do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra, foi entregue incompleta e com atraso em outubro de 2010. O gasto inicial previsto na licitação, de R$ 835 milhões, dobrou até essa data, para atingir R$ 1,9 bilhão. Já consumiu dos cofres públicos R$ 2,3 bilhões – 175% de sobrepreço - e a ultima previsão do governo é que estará concluída somente em setembro.
Até lá, os moradores dos bairros da zona leste continuarão a sofrer com as enchentes, devido a falta de obras de infraestrutura para a solução do problema, e os motoristas, a conviver com os assaltos que ocorrem com frequência na via, por falta de iluminação.

Rua Confederação dos Tamoios, na Zona Leste,  ficou esburacada após as obras

Av.Jacú-Pêssego iluminada emergencialmente por geradores a diesel

Sobrepreço da duplicação da Marginal Tietê equivale a sete hospitais

Uma das jóias do calendário eleitoral de inaugurações do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra era a duplicação da avenida marginal Tietê. Anunciada com pompa, a propaganda da obra, orçada inicialmente em R$ 1 bilhão, prometia reduzir em 35% o tempo gasto no seu percurso. Mas, assim como toda obra tucana, essa também peca pela falta de planejamento e qualidade de gestão. Com o seu custo elevado em 75% acima do previsto inicialmente, e 10 meses de atraso, foi entregue nesta quarta-feira, 27/07,a ponte estaiada sobre o rio, que integra o complexo viário, sem a conclusão e sem a previsão de construção da alça de acesso ao bairro do Bom Retiro. A pressa explica-se pelo calendário eleitoral – as eleições municipais de 2012.
Com o sobrepreço de R$ 750 milhões, seria possível construir 300 escolas, ou 7 hospitais de 200 leitos cada.

 Ponte estaiada inaugurada sem a prometida alça de aceso para o Bom Retiro

Na parte superior, a esquerda, o acesso ao Bom Retiro sem previsão de entrega 

Rodoanel trecho Sul, paradigma do mau planejamento tucano.

O trecho sul do Rodoanel, outra obra eleitoral do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra, é o campeão da falta de planejamento/incompetência. Realizada a toque de caixa, a via cruza dois dos reservatórios de água estratégicos da região metropolitana, as represas Billings e Guarapiranga. São inúmeras as denúncias de não cumprimento das exigências previstas no EIA-Rima, para a obtenção da licença ambiental.

O metodo de corte-aterro causa danos irreparáveis ao meio ambiente

Pressa e falta de experiência colocam vidas em risco no Rodoanel trecho Sul

A queda de três vigas de uma viaduto em construção, no dia 13 de novembro de 2009 ferindo 3 pessoas, foi um sinal de que a pressa na construção do trecho sul do Rodoanel iria provocar muitos problemas no futuro. De fato, no dia 26 de julho, a imprensa noticiou que um erro no projeto, ao custo de R$ 17 milhões, inviabiliza o uso da principal alça de acesso do Rodoanel à rodovia Regis Bittencourt, em Embu das Artes. Inaugurada em junho do ano passado, a via não é liberada pela concessionária Autopista Regis Bittencourt e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres sob a justificativa de que é insegura, em razão da existência de um afunilamento da pista no seu lance final. Esse grosseiro erro de engenharia exige dos motoristas que reduzam forçosamente a velocidade, mais do que a cautela ou as leis do trânsito o exigiriam.

Inexperiência, pressa e economia de matérias segundo os especialistas

R$ 17 milhões na mais cara obra eleitoral do estado

Os Filhos do Rodoanel

O descaso dos tucanos paulistas para com as pessoas carentes não é novidade. Mas no caso do trecho sul do Rodoanel é gritante. Desatentos ao fato de que uma obra desse porte atrairia milhares de operários - 22 mil no auge da construção – os responsáveis pelo planejamento e gerenciamento da obra não previram o problema social que disso adviria. O resultado é que nas regiões por onde a obra passou ficou um rastro de bares e pequeno comércio falidos, tráfico de drogas, prostituição infantil e mães solteiras.
De acordo com estatísticas das autoridades dos municípios por onde passa o Rodoanel, houve um aumento na taxa de natalidade nas proximidades dos canteiros da obra. Isso foi confirmado em reportagem feita pelo jornal tucano Folha de São Paulo, na edição de 24/07/2011. Entrevistadas, mulheres residentes no local informam que tiveram filhos de operários da obra.

Mãe de filho do Rodoanel chora sem condições de criar o rebento

A tecnologia tucana em atraso e sobrepreço também na prefeitura de São Paulo

Na Prefeitura de São Paulo o planejamento tucano também está presente, desde a breve passagem por lá do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra. O viaduto Padre Adelino, na zona leste da capital, é um dos exemplos ilustrativos de sua marca registrada. Iniciada em 2007 com dois anos de atraso, a obra deverá ser concluída somente em agosto, dez meses depois do prazo inicialmente previsto. E o sobrepreço? A justificativa oficial das desapropriações não previstas originalmente eleva o seu custo em R$3,2 milhões.

 Obras que nunca acabam no Viaduto Adelino - 1

 Obras que nunca acabam no Viaduto Adelino - 2


Obras que nunca acabam no Viaduto Adelino - 3

Com informações do Jornal da Tarde, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e dos blogs Movimento Rodoanel Não e A verdade do Rodoanel

terça-feira, 26 de julho de 2011

Obra de R$ 17 milhões no Rodoanel tem falha e não pode ser inaugurada



Uma falha no projeto impede a abertura da principal ligação do Trecho Sul do Rodoanel para a Rodovia Régis Bittencourt, em Embu das Artes. A alça de acesso está totalmente pronta há mais de um ano, com as faixas pintadas no asfalto e as placas de limite de velocidade colocadas. No entanto, a obra de R$ 17 milhões não pode ser inaugurada, pois, do jeito que está, há risco de acidentes para os veículos que chegam na Régis.

A alça de acesso ficou pronta em junho do ano passado – dois meses após a inauguração do Trecho Sul. Há outra ligação com a Régis Bittencourt, aberta com a inauguração do Trecho Oeste (2002), mas é longa, cheia de curvas e feita para baixa velocidade. A nova alça é uma ligação direta com a pista expressa da rodovia.

Mas a nova ligação não obtém a liberação para o tráfego da concessionária que administra a Régis Bittencourt (Autopista Régis Bittencourt) nem da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O argumento é que ela é insegura, pois há um afunilamento no final da alça, bem no encontro com a Régis Bittencourt. Essa situação exige que os motoristas reduzam a velocidade para entre 40 km/h e 60 km/h.

O problema é que esses veículos vão dividir espaço com os que trafegam na Régis Bittencourt, a uma velocidade de até 90 km/h. “Sob o ponto de vista da segurança, essa geometria apertada no final é totalmente inadequada e pode haver conflito e acidentes”, disse o engenheiro de tráfego Horácio Augusto Figueira. Ele acrescenta que é necessário um trecho segregado, de 500 metros, para os veículos ganharem velocidade.

Essa é justamente uma das exigência da concessionária responsável pela rodovia. A previsão é que a abertura leve pelo menos mais dois meses. Um novo projeto da empresa de Desenvolvimento Rodoviário SA (Dersa) – ligada ao governo estadual e responsável pelas obras do Rodoanel – foi aprovado pela ANTT e pela Autopista. Para viabilizar mais rapidamente, não será preciso de imediato a construção de uma outra faixa, mas os caminhões e ônibus não poderão usar a nova ligação.

A Dersa afirma que não houve erro no projeto, que foi apreciado e aprovado pelas autoridades federais. A empresa atribui a demora à concessionária, que teria pedido para adiar a abertura, pois faria melhorias no asfalto. Depois, a Autopista teria modificado as exigências para a abertura.

Enquanto a nova alça não é aberta, os motoristas usam o acesso antigo. É uma ligação cheia de curvas, feita em baixa velocidade, que provoca congestionamentos, além de riscos de acidentes.

Os moradores e pessoas que trabalham no Bairro Vista Alegre reclamam que chegam a levar até uma hora para percorrer o trecho entre o fim do acesso do Rodoanel até a entrada da cidade.

Do Contexto Livre

domingo, 24 de julho de 2011

Folha descobre a falta de "planejamento" tucano, PSDB é o verdadeiro pai dos "filhos do Rodoanel"

Dezenas engravidaram e foram abandonadas com filhos por trabalhadores 
São Bernardo do Campo teve aumento de 31% de gestantes, em 2008; prefeitura diz que não há relação nos casos

Edicleide, 39, conheceu "Ceará", 48, em 2009, num forró. Ele, operário do trecho sul do Rodoanel. Ela, moradora do Jardim Represa, bairro de São Bernardo do Campo, vizinho à obra inaugurada em março de 2010.

Namoraram, juntaram, ela engravidou, ele ficou com outra (que também engravidou), brigaram, ele sumiu.

O filho foi registrado, mas nunca recebeu um centavo de pensão. O paradeiro de "Ceará" é desconhecido.

Hoje, ela vive em uma casa de dois cômodos com o auxílio do Bolsa Família -pago pelo governo federal- e a pensão de outras duas filhas.

A história de Edicleide Maria dos Santos é apenas um dos relatos de gravidez e abandono ouvidos pela Folha em seis bairros carentes da cidade, vizinhos às obras iniciadas em 2007.

Líderes comunitários, moradores, funcionários da prefeitura e conselheiros tutelares afirmam que "dezenas de mulheres" -muitas delas, adolescentes- engravidaram durante os três anos em que cerca de 4.000 operários permaneceram no local (em todo o trecho sul, foram 11 mil empregados diretos).

"Foram muitas crianças órfãs, porque o pai sumiu e retornou para seus familiares", diz Evaldo Carvalho, 43, líder comunitário do Parque Los Angeles.



Dizem que este é o verdadeiro pai dos "filhos do Rodoanel"

"PAI DE ONZE"

O município não tem o levantamento dos casos. Porém, em 2008, com os alojamentos já apinhados de operários, houve aumento de 31% no total de grávidas na cidade -e de 61% de gestantes com menos de 20 anos.

Em quatro das cinco unidades de saúde que atendem bairros do entorno da obra, houve aumentos de 40% a 82% -e de 73% a 91% no caso de gestantes adolescentes.

A prefeitura ressalta que, como houve aumento também em regiões distantes da obra, "não é possível concluir categoricamente que houve aumento significativo dessas ocorrências por causa dos relacionamentos fortuitos de operários do Rodoanel com as mulheres da região".

Nos cinco dias em que percorreu a região, a Folha conversou com seis mães, além de parentes e vizinhos de outras nove -total de 15 casos.

Um conselheiro tutelar que pede para não ser identificado confirma que foram "dezenas" -fora os casos que não chegaram ao conselho e os das maiores de idade.

No setor da conselheira Érica Santana, foram cinco adolescentes, entre 15 e 17 anos -além de denúncias de que um operário engravidou 11 meninas no bairro Areião.

Projetos sociais focaram os removidos
Segundo a Dersa, responsável pelas obras, pouco foi feito em relação ao impacto causado às famílias que ficaram na região
Gerente da estatal diz que os projetos serão ampliados durante a construção do trecho norte do Rodoanel

A Dersa, empresa do governo estadual responsável pelas obras do Rodoanel, admite que os projetos sociais do trecho sul foram voltados para as famílias removidas e que pouco foi feito em relação aos impactos causados às que ficaram na região.

Por isso, diz o gerente da Divisão de Gestão Social, Luciano Dias, a Dersa pretende ampliar os projetos sociais no trecho norte, cuja construção deve começar em dezembro. Ele questiona, porém, a relação direta entre a obra e a alta de gestantes.

Dias afirma que a licitação do novo trecho deverá incluir o compromisso das empreiteiras em trabalhar junto com a Dersa nas ações sociais, inclusive dentro dos canteiros das obras.

Ele diz que o crescimento de grávidas não foi cogitado porque não ocorreu no trecho oeste. "Já que teve uma situação, vamos ver o que a gente pode fazer contra isso em relação ao trecho norte para que não se repita".

Dario Rais Lopes, secretário de Transportes na época da contratação da obra, na gestão anterior do governador Geraldo Alckmin (PSDB), diz que não tinha como se prever esse impacto. Ele defende que essa preocupação seja incorporada.

Mauro Arce, secretário de Transportes durante a execução da obra, na gestão José Serra (PSDB), foi procurado, mas não deu entrevista.

A Secretaria de Estado da Saúde enfatiza que a responsabilidade pela orientação de planejamento familiar é dos municípios e que enviou recursos no período.

CADASTROS

Rodolfo Strufaldi, coordenador do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Prefeitura de São Bernardo, atribui a alta de gestantes à melhoria do cadastro da prefeitura, mas admite que a obra pode ter contribuído.

Segundo ele, a prefeitura reagiu rápido, com aumento de agentes comunitários (de 100 para 1.115 desde 2008), grupos de discussão nas UBSs e distribuição de preservativos aos operários.

Dos três consórcios que atuaram na região, o Queiroz Galvão/CR Almeida não respondeu aos questionamentos e se limitou a dizer que "se pautou pela execução responsável da obra e sempre cumpriu os requisitos estabelecidos em contrato".

Já o Odebrecht/Constran diz ter feito campanhas de prevenção, incluindo temas como DST, planejamento familiar e reuniões com a comunidade. O Andrade Gutierrez/Galvão Engenharia acrescentou ter abordado também prevenção contra drogas e alcoolismo.






Obras do Rodoanel deixam "órfãos" na região do ABC
Mães solteiras da região enfrentam o preconceito
Crianças são chamadas de "filhos do Rodoanel"; assunto atrai desconfiança e ironia
Na periferia de São Bernardo do Campo, o tema é tabu; moradores relatam aumento de brigas e prostituição


"Filha do Rodoanel!" -da janela da manicure de 35 anos dava para ouvir uma vizinha gritando, em referência à criança de um ano e nove meses que ela teve com um mestre de obras da via.

"Preconceito existe. Fazem piadinha falando que somos "mães do Rodoanel", mas tenho que focar na vida daqui pra frente", diz.

O tema é tabu no Parque Los Angeles, periferia de São Bernardo do Campo, onde mora a manicure. Falar sobre grávidas e Rodoanel ali geralmente resulta em silêncio, desconfiança, evasivas, negativas ou risadinhas.

"O povo não gosta de falar sobre a gente porque é coisa íntima, eles têm medo de que a gente ache ruim", diz a empregada doméstica Gizele Cerqueira, 30, que afirma não sofrer preconceito.

Ela sabe que o pai de sua filha, de dois anos e meio, é de Alagoas, mas ignora seu paradeiro. A criança não foi registrada e ele sumiu quando ela tinha 15 dias de vida.

A autônoma Alcione Amaro, 30, do Parque Los Angeles, teve mais sorte. Seu namorado da época, topógrafo mineiro, foi embora quando ela estava grávida de dois meses, deixando apenas um telefone. "Eu ligava todo dia, fiquei desesperada porque não conseguia contato."

Oito meses depois, já com o bebê nascido, ela conseguiu. Desde então, ele paga a pensão do menino.

Os moradores também falam da presença de meninas, de 12 a 17 anos, que iam para os alojamentos, de mochila e tudo, direto da aula.

FESTAS E PROSTITUIÇÃO

Outros impactos da obra apontados pela comunidade são: aumento de prostituição, consumo e tráfico de drogas, acidentes, brigas e isolamento de bairros. Jornais como o "São Bernardo Hoje" e o "Diário do Grande ABC" já haviam apontado os problemas, que, segundo eles,também atingiram Santo André e Mauá.

À epoca, moradores alugaram casas e chácaras aos trabalhadores. "Tinha muita menina de 15 anos no alojamento com 40 peões", conta a manicure Maria Cristiane Santos, 21, que engravidou de um operário do Piauí.

"Havia brigas e confusão, a gente nem dormia", lembra a dona de casa Cátia Cirilo, 36. Também havia mais bares abertos, que viviam cheios.

"Houve um momento de abundância econômica e, depois que esses homens voltaram para suas terras, deixaram as dívidas para trás", diz o vereador Paulo Dias (PT). O prefeito Luiz Marinho, do mesmo partido, não deu entrevista.

Marinei Marques, 51, foi uma das que não recebeu por algumas roupas que lavou.

Mas ela guarda cuidadosamente um bilhete deixado por um gaúcho que conheceu: "Mara, saiba que você foi minha gostosa."

Ela não engravidou, mas entrou em depressão quando o namorado foi embora e trocou o número do celular.

"Morro por causa daquele homem!", diz, entre gargalhadas.

Da Folha de São Paulo de 24/07/2010

Mesmo com dinheiro em caixa, obras em SP não andam: marca registrada do "planejamento"tucano

A falta de planejamento tucano é de arrebentar


Governo arrecada R$ 1,5 bi a mais no primeiro trimestre

O governo do Estado, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), arrecadou R$ 1,5 bilhão a mais do que o previsto no primeiro trimestre. A informação foi divulgada ontem pelo deputado estadual Orlando Morando, líder da bancada tucana na Assembleia Legislativa, durante balanço do primeiro semestre de seu terceiro mandato.

"Na largada (início do ano) a receita engorda mais do que na chegada (fim do ano). Mas se esse ritmo for mantido no fim deste ano serão R$ 6 bilhões a mais. Ao fim do mandato (em 2014), R$ 24 bilhões que podem", explicou o parlamentar.

Em 2011, o Palácio dos Bandeirantes planeja arrecadar R$ 140 bilhões. Desse montante, R$ 20 bilhões são para novas obras e projetos. O investimento ao fim da gestão de quatro anos pode chegar a R$ 80 bilhões - sem contar os hipotéticos R$ 24 bilhões.

"Projetos bons são apenas sonos se não houver recursos. Este é o melhor momento da história do Estado em possibilidade de investimento", analisou Morando. "Isso se deve ao ajuste fiscal feito ao longo dos anos, desde a administração Mário Covas (iniciada em 1995), que começou a enxugar a máquina. Outro ponto é que a economia de São Paulo vai bem e, com isso, o Brasil também."

Trabalho - Ao explanar sobre os 13 projetos de lei protocolados desde o início do ano na Assembleia, Orlando Morando também falou sobre seu trabalho como líder do PSDB e de outras tarefas que tem assumido no Parlamento paulista.

Dentre elas, destacou a relatoria da propositura que autorizou o governo estadual a tomar empréstimo de R$ 9,3 bilhões. Parte desses recursos - R$ 445 milhões - serão aplicados no metrô leve, que terá trajeto do Paço de São Bernardo até a estação integrada Tamanduateí, na Capital.

O projeto estampa a capa do jornal informativo do tucano, o que tem sido alvo de críticas, principalmente por parte do prefeito Luiz Marinho (PT), o qual tem declarado que "agora aparecem vários pais para o VLT".

Morando rebate. "Não estou dizendo que o metrô leve é meu, só digo que faz parte do meu trabalho. Faço meu papel para concretizar a obra, fui o relator da lei do empréstimo. Esse projeto só será concluído com boa vontade política, sem vaidades de pessoas.

A única "preocupação" do deputado no primeiro semestre é o ritmo das obras dos 42,3 quilômetros do Trecho Leste do Rodoanel. É obrigação da concessionária SPMar, do Grupo Bertin, que explora o pedágio do Trecho Sul dar andamento nas intervenções para o Trecho Leste, "mas nada foi iniciado ainda". "Temos de exigir que a responsabilidade da empresa seja cumprida."

Do Diário do Grande ABC

Rodoanel deixa o povo sem água em Mauá

Só tem água que passarinho não bebe


Fornecimento de água é precário no Pq. São Vicente

Moradores do Parque São Vicente, em Mauá, reclamam de problemas no abastecimento de água. No bairro, é comum o fornecimento ser interrompido ao menos duas vezes por semana. E não há outra alternativa a não ser esperar pela volta do serviço. Roupas sujas se acumulam nas máquinas de lavar e nos tanques, pias ficam cheias de louça, e um dos casos mais graves é na Escola de Educação Infantil Galileu, que atende 40 crianças de três meses a 5 anos.

Quando a água não chega no encanamento, a diretora da unidade, Kenia Azevedo Fernandes, começa a pensar em alternativas para não deixar a criançada suja e com sede. Compra garrafas de água mineral, pede a compreensão dos pais e liga constantemente para o Sama (Saneamento de Mauá). A situação persiste há mais de um ano.

Em dezembro, por exemplo, ela pediu aos pais dos alunos que levassem um garrafão de água cada um. Nesta semana, o banheiro dos meninos ficou interditado. "Os garotos precisaram usar, mas a caixa-d'água estava vazia e eles não puderam", disse Kenia.

Ela não deixou o problema ficar assim por muito tempo. "Comprei várias garrafas de água. Mas é ruim isso, pois teve vezes que as crianças foram embora sem banho", queixou-se.

Na rua do técnico de segurança Marcos Edvaldo Delgado, 40 anos, a água voltou apenas na tarde de ontem. Consequências: varal de casa cheio de roupas e muito mais ainda dentro da máquina de lavar. "E a conta chega todo mês, sem atraso. Isso é um desrespeito com os moradores", reclamou.

As queixas são repassadas para a autarquia. Mas a dona de casa Maria de Fátima Azevedo, 47, disse que cansou de ligar. "Liguei tanto um dia que a atendente falou que eu deveria levantar à noite, quando a água costuma chegar, e lavar minhas roupas", contou.

A Sama informou, em nota, que os problemas no abastecimento são causados pelas obras do Trecho Sul do Rodoanel e por construções no bairro. "Obras que em inúmeros momentos danificaram as redes de abastecimento, causando transtornos tanto aos moradores daquele bairro quanto de outras localidades atendidas pela mesma rede de distribuição."

Do Diário do Grande ABC