sexta-feira, 8 de julho de 2011

Festival da Cantareira mostrará preocupação com Rodoanel


A programação completa do evento, que espera atrair 2 milhões de pessoas nos 22 dias, está no site www.ficanacantareira.com.br

A preocupação com a construção do trecho norte do Rodoanel na região da Cantareira vai ser o mote da terceira edição do Fica (Festival de Inverno da Cantareira), que começa nesta sexta e vai até o dia 31.

Neste ano, não haverá nenhuma atração de fora, como os shows gratuitos que ocorreram nas edições anteriores.

"As pessoas vinham para os shows e iam embora, sem conhecer as atrações locais", diz o idealizador do festival e morador da região Renato Paiva, 34.

E há outra razão, de ordem financeira: as prefeituras e secretarias que patrocinaram o evento nas duas edições anteriores não deram dinheiro desta vez.

Por isso, ele decidiu que o tema desta edição seria os "Encantos da Cantareira", para que as pessoas soubessem que ali existem mais de 15 pesqueiras, 20 haras e pontos tradicionais da gastronomia, que se mobilizaram para pensar em uma programação só para o festival.
Em cada um desses 2.000 programas previstos, serão distribuídos banners e folhetos falando sobre a importância da preservação da Serra da Cantareira, que ganhou da Unesco o título de reserva da biosfera.

"O Rodoanel faz parte de todas as conversas da região, que tem uma história de luta contra a construção dele ali. É uma preocupação muito grande", diz Renato.

A ideia é que, nos passeios ecológicos --como a ida à Pedra Grande, de onde se avista toda a cidade e até a Serra do Mar-- e conhecendo a cultura do local que tem cerca de 100 mil habitantes, os visitantes percebam a importância daqueles parques para a biodiversidade de São Paulo.

A organização colocou placas turísticas para ajudar a guiar os forasteiros. As estradas foram reformadas no ano passado e estão em boas condições.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ligação do Rodoanel com o Aeroporto deverá passar por dois bairros da cidade



Licenciamento ambiental termina na área aeroportuária de responsabilidade da União

A ligação do trecho norte do Rodoanel com o Aeroporto Internacional de Guarulhos acontecerá pelos bairros Haroldo Veloso e Cidade Seródio. A área pertence à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) que deve emitir parecer à Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa).

HOJE teve acesso ao mapa utlizado pela Dersa para construir o Rodoanel. A licença prévia emitida pelo Conselho de Estado do Meio Ambiente (Consema) vai até a parte de trás do 31º Batalhão da Polícia Militar, no Haroldo Veloso. O traçado até o aeroporto será definido pela Infraero, mas deve passar pelo meio dos dois bairros.

Em entrevistas recentes, o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), afirmou que a cidade não aceitará novas desapropriações para a ligação. Contudo, o secretário municipal de Assuntos Aeroportuários, Miguel Choueiri, diz que a proposta pelos dois bairros foi a melhor apresentada pela Dersa. "Trouxeram três trajetos e esse era o melhor", diz.

Choueiri confirma que a Prefeitura não fez sugestão de traçado da ligação e que o acordo do trajeto proposta pela Dersa coincide com o proposto pela Infraero. Na segunda-feira, o presidente da Dersa, Laurence Casagrande, afirmou que mantém negociação com a empresa federal há dois anos.

O deputado federal Carlos Roberto (PSDB), responsável pela vinda de Casagrande à ACE na segunda-feira, afirmou ontem que Guarulhos terá muitas vantagens com a obra e que espera bom senso por parte da Infraero. "Eles têm que pensar nos interesses locais. Chega de jogar contra o município", afirmou.

Prefeitos da região do ABC discutem obras do rodoanel Leste



As obras do rodoanel Leste começam em menos de 90 dias, mas prefeitos e população das cidades afetadas pelas construções ainda tentam ser ouvidos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Aprovação de novo trecho do Rodoanel divide moradores em SP


Trecho Norte vai passar muito perto da Serra da Cantareira.
Conselho estadual aprovou licença prévia na semana passada.

O Rodoanel é uma obra importante para São Paulo e para toda a região metropolitana, mas o Trecho Norte é uma parte polêmica do projeto. Primeiro, porque é uma estrada que vai passar muito perto de uma das maiores reservas florestais da Grande São Paulo, a Serra da Cantareira, onde brota mais da metade da água consumida na capital paulista.

Na semana passada, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) aprovou, por 27 votos a favor, sete contra e uma abstenção, a concessão da licença ambiental prévia (LAP) para o Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas. A aprovação divide também os moradores. Centenas de famílias que vivem há anos em bairros próximos à serra - em terrenos invadidos ou regularizados - vão precisar escolher outro lugar para morar.

Moradores do Jardim Paraná (foto) não sabem o que irá acontecer com eles

O Trecho Norte vai passar no Jardim Paraná, na Brasilândia. De um lado, é possível ver o pé da Serra da Cantareira. Do outro, estão as casas que serão desapropriadas para a construção do Rodoanel. Os moradores não sabem quando e nem como isso vai acontecer. A dona de casa Sandra Araújo mora no bairro há quinze anos. Foi onde ela cresceu, se casou e teve filhos. "Um fala que vai vir aqui e tirar a gente. Uns falam que vai dar casa com escritura, e a gente está meio perdida, porque não sabe o que fazer. A gente queria uma solução”, diz.

Desempregada, com dois netos, Sônia Maria Franco também está assustada. "Eu estou me sentindo mais que um lixo porque nós só ficamos sabendo sobre esse Rodoanel quando o pessoal da USP mandou para cá uma notícia que aqui ia ser o caminho do Rodoanel”, afirma.

A arquiteta Cecília Machado faz parte do grupo da Universidade de São Paulo (USP) que há oito anos estuda os impactos sociais de obras públicas, como o Rodoanel, na Serra da Cantareira. "Esse projeto, ele está sendo imposto. Ele não foi discutido com a população. No mínimo, é começar esse processo que aqui no Jardim Paraná iniciou com a universidade, mas é o papel da Dersa estar vindo aqui discutir com a população quais as melhores alternativas, quais eram as melhores alternativas de traçado, quais as possibilidades de remoção e reassentamento, e discutir isso com a população”, defende.
Maria Cristina Greco faz parte da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Ela também acredita que outros traçados deveriam ter sido considerados. "Isso vai afetar São Paulo toda, porque vai criar ilhas de calor, poluição atmosférica e poluição sonora. Outro traçado não teria tanto impacto se fosse por túneis ou se fosse além da Serra da Cantareira. Seria menos problemático”, disse.

A obra deve durar três anos e custar mais de R$ 6 bilhões. O Trecho Norte do Rodoanel terá 44 km de extensão. O projeto de construção indica duas saídas para a Marginal Tietê. Em uma delas, será preciso construir uma alça de acesso que vai passar por dentro de um condomínio no final da Avenida Inajar de Souza, bem perto da Serra da Cantareira.

"Nós conversamos com a Dersa. Eles têm uma perspectiva de que, se a obra tivesse o acesso da Inajar, o loteamento dessa parte para lá provavelmente seria desapropriado", explica Ricardo Pimentel Mendes, diretor da empresa que loteou o condomínio. A outra saída do Rodoanel seria pela Avenida Raimundo Pereira de Magalhães. Esse é outro ponto polêmico do projeto, porque a avenida já é muito movimentada.

Para o motorista Josemir Cardoso da Silva, que faz entregas, o Rodoanel será bem-vindo. Ele enfrenta o trânsito pesado da Zona Norte todo dia e não vê a hora do novo trecho ficar pronto. "Ia facilitar porque eu podia pegar ele indo para a Fernão Dias, e já caia ali no Parque Novo Mundo e Dutra. É rapidinho para chegar em Guarulhos”, explica.

As duas saídas do Rodoanel para avenidas da zona norte - a Inajar de Souza e a Raimundo Pereira de Magalhães - constam da licença prévia, aprovada na semana passada. O presidente da Dersa, Laurence Casagrande, comentou como fica a situação das famílias que moram nos locais por onde o Rodoanel vai passar. "A desapropriação é apenas para quem tem um imóvel regular. Ela prevê atingirmos 2,1 mil imóveis, entre residenciais, rurais, industriais e comerciais. As famílias que não tem imóvel regular serão atendidas pelo nosso programa de reassentamento”, afirmou.

Do G1.com