domingo, 16 de outubro de 2011

RODOANEL ISOLA MORADORES DE MAUÁ



Moradores utilizam caminho marginal ao córrego para acessar o Centro. 
Foto: Amanda Perobelli

Cenário da Vila Santa Cecília mistura ruas esburacadas, mato alto e pneus abandonados em canteiro de obras.

O cenário na Vila Santa Cecília, em Mauá, é de abandono. Ruas esburacadas, empoeiradas e interrompidas para passagem de veículos e pedestres. Casas vazias, calçadas e pontos de ônibus destruídos. O mato alto, os pneus largados nos canteiros de obra e a falta de iluminação finalizam o quadro deixado pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) no bairro ao realizar as obras de interligação da cidade com o trecho Sul do Rodoanel e das avenidas Papa João 23 e Jacu-Pêssego.

Isolada após as intervenções do Estado, a população passou a usar a encosta do córrego do bairro como via de acesso ao Centro da cidade. O problema é que o espaço não é uma via de verdade e oferece perigos e insegurança aos moradores. “Não temos iluminação, o mato está sempre alto e os pedestres dividem o espaço com os veículos, já que não temos calçada”, desabafou a auxiliar administrativa Amanda Colleto, 33 anos.

Desde que as obras do trecho Sul do Rodoanel e da Jacu-Pêssego foram iniciadas na Vila Santa Cecília, em 2008, os riscos de assaltos, estupros e violência aumentaram. O problema é tão grave que fez a direção da Escola Estadual Professora Sada Umeizawa desistir das aulas noturnas pela falta de segurança dos funcionários e alunos. “A escuridão é grande e o mato alto ajuda os criminosos a se esconderem”, revelou a dona de casa Edjane Campos, 39 anos.

A peregrinação até o Centro da cidade não para por aí. Após enfrentar o perigo da violência ou o risco de serem atropelados na encosta do córrego, os moradores encaram a difícil missão de atravessar as avenidas Ayrton Senna da Silva e Santa Catarina sem o auxílio de faixas ou semáforos de pedestres. “Crianças, idosos e adultos correm entre os carros para atravessar as vias. É um perigo”, alertou Edjane.

Aqueles que preferem não se arriscar entre os veículos, têm a opção de aguardar o transporte coletivo. Porém, sem calçada ou cobertura, o ponto de ônibus do bairro fica em uma curva na junção das avenidas Ayrton Senna da Silva e Santa Catarina, no meio das vias, e não oferece segurança aos usuários. “Uma pessoa já foi atropelada aqui. A situação é preocupante”, lamentou Amanda.

Intervenções da Dersa criaram bairro-fantasma

Os moradores garantem que tais problemas não existiam antes das intervenções da Dersa no bairro. “Agora parecemos um bairro-fantasma, onde tudo foi destruído e nada funciona”, avaliou Edjane. Para os munícipes, o problema está no fato de que a maior parte dos moradores foi retirada do bairro. No início, a Dersa falava em remoção total, porém, com um novo projeto, o trajeto foi modificado para longe da Vila Santa Cecília, o que impossibilitou a desapropriação total do bairro. “Fomos esquecidos aqui”, afirmou a dona de casa.

Em nota, a Dersa afirmou que investirá R$ 4,47 milhões na recuperação das ruas Santa Rita, Santa Rosa, Santa Ana, Santa Anastácia e Luiz Varin, além das avenidas Santa Lúcia, Guido Bozzatto, Santa Virginia e Santa Terezinha. A licitação para os trabalhos estão em andamento e a previsão é que na primeira quinzena de novembro sejam entregues as propostas das empresas interessadas.

A empresa ainda esclareceu que o projeto de implantação de obras prevê que o bairro ficará com as saídas já existentes, ou seja, usando a encosta do córrego como rua. Porém, a Dersa esclareceu que pintará faixas de pedestres para garantir a segurança dos moradores. Já sobre o ponto de ônibus, a empresa não tem previsão.

Mauá explicou que a Dersa removeu a iluminação do bairro e, portanto, é responsável pela reposição. A administração já fez a solicitação. Sobre as vias, a Prefeitura confirmou que a Dersa fará a pavimentação, o que inclui a avenida Santa Catarina, que ganhará  nova calçada e ponto de ônibus. A informação não foi confirmada pela Dersa. Em relação ao mato alto, a Prefeitura informou que o bairro está na programação municipal de capinação para outubro.

Poeira das obras causa doenças em crianças

De acordo com os moradores, rinites, bronquites e tosses alérgicas são comuns na Vila Santa Cecília, atacando principalmente as crianças, devido à poeira que cobre o bairro com o vai e vem de caminhões da Dersa que trabalham na interligação da Papa João 23 e Jacu-Pêssego.

Com bronquite alérgica, o filho de cinco anos de Edjane é uma das vítimas. “Uma vez ele me disse que a tosse dele não gostava da nossa casa, porque quando ele estava na escola, não tossia”, comentou.
Além da poluição, os moradores estão preocupados com os mais de 50 pneus jogados em tubos de drenagens usados na implantação de bueiros pela Dersa, em baixo do viaduto da Jacu-Pêssego. “Esses pneus servirão para a proliferação de dengue”, disse Edjane.

Em nota, a Prefeitura de Mauá explicou que realizará uma ação para o recolhimento de pneus descartados irregularmente na cidade, inclusive na Vila Santa Cecília. 

Problemas marcam obra no trecho Sul

Assim como a Vila Santa Cecília, em Mauá, o problema do isolamento causado pelas obras do trecho Sul do Rodoanel é compartilhado pelo vizinho Jardim Oratório e pelo Parque Imigrantes, em São Bernardo.  Atrasos nas obras de compensações ambientais complementam a lista de problemas das cidades do ABCD por onde passa a via. Após um ano de inauguração, ruas esburacadas aguardam pavimentação na Região.

A obra, realizada a toque de caixa, não se preocupou em isolar bairros inteiros ou cometer crimes ambientais. As construções foram aceleradas, os atrasos foram contornados e o trecho Sul do Rodoanel foi entregue antes de José Serra (PSDB) sair do governo do Estado para ser candidato à Presidência da República.

No caso do Parque Imigrantes, em São Bernardo, as intervenções da Dersa bloquearam o acesso ao km 26 da Imigrantes pela estrada Galvão Bueno, distanciando o bairro dos vizinhos Los Angeles, Royal Parque, Nova Canaã e Vila Uiriçaba. O local sem infraestrutura básica ficou mais longe dos centros comerciais. O caminho que antes era de dois quilômetros até o Jardim Represa, agora é de 12.
Além do desmatamento, a região sofreu com assoreamento da Billings, minas e olhos d’água. Das 633.038 mudas previstas na compensação ambiental para São Bernardo pelo convênio assinado entre Dersa e Prefeitura, apenas 44 mil estão sendo plantadas na cidade.

Verdão goleia Corinthians em obras pelo trânsito


O placar ficou desigual. De um lado, o Palmeiras, que, para construir o seu novo estádio, na zona oeste, precisou bancar uma série de exigências da Prefeitura a fim de minimizar o impacto do empreendimento no trânsito da região. Do outro, está o Corinthians, clube do qual a gestão Gilberto Kassab (PSD) não cobrou nenhuma melhoria viária no entorno da sua futura arena, na zona leste, que poderá receber a abertura da Copa do Mundo de 2014.

Embora as duas construções tenham uma capacidade semelhante – ambas serão dimensionadas para pouco mais de 45 mil torcedores –, só o clube alviverde precisará fazer intervenções nas vias perto do seu estádio, em Perdizes.



Alargamento da Avenida Francisco Matarazzo, adequações em três cruzamentos e instalação de grades e semáforos estão entre as obrigações impostas ao Palmeiras no ano passado. As ações devem ser projetadas e implantadas pelo clube – que não informou seus custos –, seguindo padrões de órgãos como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Elas estão contidas na certidão de diretrizes da obra. Esse documento, emitido pela Secretaria Municipal de Transportes e necessário para obter o alvará de aprovação, estabelece medidas que devem ser tomadas pelos construtores para reduzir o impacto no trânsito provocado por estabelecimentos que atraem muitos veículos, como shoppings, prédios de escritórios e estádios. Para a arena corintiana, apesar de o número de vagas de carros ser mais do que o dobro da palmeirense, não se exigiu qualquer intervenção. Fixou-se só o porte do estacionamento.

Segundo o texto assinado pelo secretário dos Transportes, Marcelo Cardinale Branco, as obras viárias necessárias para o empreendimento já “estão contidas no Plano de Desenvolvimento da Zona Leste”, convênio assinado entre o governo do Estado e a Prefeitura, em abril. O projeto prevê cinco intervenções – orçadas em R$ 478,2 milhões e pagas com recursos públicos – para melhorar o acesso às imediações do estádio, entre elas, a construção de uma via para ligar a Avenida Itaquera e a Radial Leste.

Quem passa diariamente pelas redondezas do Itaquerão reclama dos gargalos no trânsito, e teme que possam piorar com o estádio. Um deles é o entroncamento das avenidas Miguel Inácio Curi e Itaquera. Estreitas, as vias comportam mal o volume de veículos nos picos. O frentista Esequiel Batista, de 30 anos, diz que, além disso, o trânsito é agravado por falta de opções. “Aqui não há ruas paralelas que possam servir de alternativa.”

Ele defende que as alterações sejam parcialmente custeadas pelo Corinthians, ao contrário do motorista Rodrigo da Silva Conceição, de 30 anos, que prega o alargamento das avenidas da área. Ele acha que as obras são de responsabilidade do poder público.

Para o especialista em transportes Jaime Waisman, não se pode dar tratamentos diferentes para casos parecidos. “A lei tem que ser igual para todos.”A Prefeitura alegou em nota que os dois estádios ficarão em pontos com diferentes características de urbanização.

Regiões são diferentes, diz Prefeitura

Em nota, a Prefeitura informou que os dois estádios estão sendo erguidos em regiões com características de urbanização distintas. Segundo o texto, a Arena Palestra estará em uma área onde “há um desenvolvimento mais consolidado, com grande oferta de transporte público e infraestrutura”.

Também ali, “a densidade populacional e o uso do solo” são muito maiores do que em Itaquera. A Prefeitura diz que a região “está em pleno desenvolvimento e, por isso, conta com uma série de iniciativas do poder público para acelerar esse processo”. Além do Plano de Desenvolvimento da Zona Leste, a região tem obras “em desenvolvimento”, como a extensão da Radial.

O Corinthians também diz que a diferença entre as exigências se devem “sobretudo ao entorno de cada” estádio. O diretor de marketing do clube, Luis Paulo Rosenberg, disse que o estádio se situa em uma área com malha de transporte adequada “ao uso exclusivamente futebolístico” do local. “Ao contrário de times menores que precisam de receitas de show para viabilizar seus estádios, o nosso se pagará com a renda dos nossos jogos.” O Palmeiras não se manifestou.

domingo, 21 de agosto de 2011

SP: grupo armado assalta seguranças e funcionários do Rodoanel


Um grupo de homens armados invadiu o Centro de Controle Operacional (CCO) da SPMar, concessionária do trecho sul do Rodoanel Mário Covas, na região de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e assaltou seguranças e funcionários no início da madrugada. As informações foram divulgadas pela concessionária.
Segundo a SPMar, na ação, que durou cerca de uma hora e meia, os bandidos renderam seguranças e amarraram os funcionários que estavam no local, levando objetos pessoais e equipamentos eletrônicos. Ninguém ficou ferido. O caso foi registrado na delegacia de Policia de Itapecerica da Serra.

Do Terra

Mais uma obra com o padrão DERSA de qualidade.

Se na marginal a qualidade é essa, imagina no Rodoanel trecho norte.

Trecho novo da marginal alaga com chuva fraca

A chuva fraca que atingiu São Paulo ontem alagou um trecho novo da marginal Pinheiros, inaugurado há menos de um mês. Durante o dia foram 5 mm de chuva. "Vamos apurar com a empresa responsável e corrigir o que for preciso. É inadmissível que isso aconteça", disse o prefeito Gilberto Kassab. A faixa ficou interditada de manhã até perto das 15h. A pista, que liga a marginal à ponte Cidade Jardim, visa aliviar o tráfego na Vila Olímpia e Itaim Bibi.



Da Folha de S.paulo de 21/08/2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Rodoanel, campeão em acidentes.

SP: caminhão tomba e bloqueia 2 faixas no Rodoanel em Osasco

Acidente bloqueou duas faixas do sentido Bandeirantes e provocou 9 km de lentidão
Foto: Diogo Moreira/Futura Press


Uma colisão entre dois caminhões no trecho oeste do Rodoanel, na altura de Osasco, interditou duas faixas por mais de duas horas na manhã desta quarta-feira. De acordo com a CCR, concessionária da via, o acidente ocorreu no km 12, sentido Anhanguera, por volta das 6h10.

Com a batida, um dos veículos, que levava uma carga de frios, tombou na via. Segundo a CCR, não houve feridos. Foram feitos o transbordo da carga e a retirada do caminhão, e a via foi liberada às 8h25. Por volta das 8h45, havia 9 km de lentidão no trecho oeste do Rodoanel, entre a região de Embu e Osasco, do km 27 ao km 18.

Mais cedo, às 5h54, outro acidente a poucos quilômetros dali também interditou duas faixas do trecho oeste do Rodoanel. Segundo a CCR, três carretas se envolveram em uma batida na altura do km 7, também sem vítimas, e bloquearam parte da pista até as 7h02.

Do Terra

Trecho sul do Rodoanel passa a cobrar pedágio no mês que vem


"'E  isso que vcs merecem, seus tontos!
"
DO "AGORA" - O consórcio SPMar deve iniciar a cobrança de pedágio no trecho sul do Rodoanel até o próximo mês.

A tarifa proposta pelo consórcio -formado pelas empresa Contem e Cibe, do grupo Bertin- foi de R$ 2,19, em julho de 2009. Ela será reajustada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para cerca de R$ 2,40.

Inaugurado em abril de 2010, o trecho sul do Rodoanel é alvo de reclamações dos motoristas devido às falhas estruturais. Sem iluminação, postos da polícia rodoviária estadual ou telefones de emergência, a estrada é perigosa, tanto pelas suas curvas sinuosas quanto pelas ações violentas de criminosos na região.

Ontem, começaram as obras do trecho leste, que deve ficar pronto em março de 2014.

Da Folha de S.Paulo (para assinantes)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Privatização de rodovias fez Dersa acumular prejuízos



A Dersa acumula hoje um prejuízo de R$ 8,32 bilhões. O rombo teve início após a privatizaqção das rodovias paulistas. Auditoria realizada esse ano coloca em dúvida a capacidade de continuidade operacional da empresa. Por esse motivo, o deputada do PT Luiz Claudio Marcolino vair questionar representantes da Dersa sobre sua saúde financeira.

As privatizações das rodovias paulistas iniciadas no fim dos anos 1990 prometeram o céu: pistas melhores e menos gastos públicos. As estradas são realmente boas. Quanto à redução das despesas do governo... Basta ver a situação da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A), que operou as rodovias por 40 anos e hoje está em situação calamitosa. Em 2010, a empresa de economia mista vinculada à Secretaria Estadual de Logística e Transportes, apurou um prejuízo de 583 milhões de reais. Com esse resultado, o rombo acumulado pela companhia desde a sua fundação ultrapassou a marca dos 8,32 bilhões de reais. No fim do ano passado, se a empresa tivesse de fechar as portas, o seu patrimônio não seria suficiente para quitar os débitos. Faltariam 967,2 milhões de reais para honrar todos os compromissos.

O cenário é ruim, mas, de acordo com uma auditoria da KPMG, poderia ser melhor caso o governo do estado tivesse quitado as indenizações que deve à empresa pelas rodovias que entregou à iniciativa privada com o Programa Estadual de Desestatização. A dívida soma 2,5 bilhões de reais. Esse valor, por sinal, seria bem maior hoje se a companhia não tivesse abdicado de cobrar juros e correção monetária sobre o débito. O prejuízo da Dersa em 2010, por exemplo, seria 40% menor, uma diferença de ao menos 240 milhões de reais, segundo os cálculos da KPMG.

Em 2009, a empresa perdeu a operação das últimas três estradas que controlava, encerrando uma história de 40 anos como concessionária de rodovias. A Eco-pistas pagou 595 milhões de reais e prometeu investir outros 828 milhões para explorar, por 30 anos, o corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Já a rodovia D. Pedro I foi outorgada à concessionária Rota das Bandeiras por 1,39 bilhão de reais, mais investimentos de 2,1 bilhões até 2039. Como a Dersa poderia explorar esses corredores por mais 13 anos, ficou acertado que a empresa receberia 1,58 bilhão de reais a título de indenização no primeiro caso e 935 milhões no outro. A Dersa não sabe estimar quanto deixa de arrecadar em pedágios atualmente pela privatização dessas estradas. No último ano em que as operou por 12 meses completos, faturou 281 milhões.

O que chama mais a atenção no relatório da KPMG, datado de 29 de março, é a constatação de que "a continuidade das operações da companhia depende do aporte de recursos financeiros do governo do estado de São Paulo, seu principal acionista, e do recebimento das indenizações citadas anteriormente". Além disso, o texto assinado pelo auditor Wagner Petelin levanta "dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional" da empresa. É por essa razão que o deputado Luiz Claudio Marcolino (PT), da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa de São Paulo, pretende incluir questionamentos sobre a saúde financeira da Dersa durante uma audiência a ser realizada no parlamento paulista. A oposição espera convocar o presidente da empresa, Laurence Casagrande Lourenço, para esclarecer o excesso de aditivos em obras da Dersa. "Os empreendimentos costumam terminar com um preço bem superior ao do contrato original e causa estranhamento saber que, apesar de estar à frente das maiores obras viárias do estado, a Dersa tenha acumulado prejuízos tão elevados."

De acordo com Márcio Cammarosano, professor de Direito Administrativo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), os administradores da Dersa podem exigir o pagamento das indenizações devidas pelo governo paulista, mesmo sendo o estado o seu principal acionista. "Trata-se de uma empresa de economia mista, que também deve satisfações aos seus sócios privados. Se a Dersa tinha direito a explorar essas rodovias por mais tempo e foi impedida, deve ser ressarcida, porque isso pode afetar a economia interna da empresa", avalia. É pouco provável, no entanto, que os sócios privados da companhia venham requerer alguma coisa. Eles detêm apenas 0,000001% das ações da Dersa. O restante pertence à Fazenda paulista. "Normalmente, numa situação como essa, a administração da empresa entra em acordo com o estado, o principal acionista."

Por meio de nota, a Dersa diz ter solicitado ao Estado "autorização para converter em capital social a parcela do passivo não circulante, registrada como `adiantamento parafuturo aumento de capitar. Em outras palavras, o governo pode autorizar o aporte de 3,4 bilhões de reais para tapar o buraco contábil da empresa. "Tão logo sejamos autorizados pelo nosso acionista, faremos a atualização contábil e passaremos a uma situação de patrimônio líquido positivo".

Esse investimento, contudo, não diz respeito ao pagamento das indenizações devidas à Dersa pela privatização das rodovias, um débito que deve ser quitado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). A nota afirma ainda que a Dersa está negociando com o DER, mas informa que a empresa também possui dívidas com o órgão estadual, sem, no entanto, especificar esses valores. "Ao final das tratativas teremos um encontro de contas, com resultado positivo em favor da Dersa, e um plano de quitação desse débito", completa o texto. Quanto à decisão de não cobrar juros e correção monetária correspondente às indenizações, a companhia alega ter agido em conformidade com o "princípio da prudência", uma vez que "não existia naquele momento uma expectativa do correspondente ingresso financeiro imediato".

Atualmente, a Dersa sobrevive com a receita das travessias de lanchas e ferry-boats que operam no litoral paulista e a prestação de serviços técnicos no campo da infraestrutura de transportes e logística, sobretudo no apoio a grandes projetos viários do governo. A empresa garante não ser dependente do Tesouro paulista, "o que significa que os aportes de capital do acionista são dirigidos somente a investimentos da empresa". Por essa razão, as contas da Dersa não são registradas no Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária (Sigeo), mecanismo de controle dos gastos públicos aberto aos parlamentares. No fim, a empresa virou uma caixa-preta que não permite avaliar até que ponto as privatizações de rodovias prejudicaram a Dersa e, a despeito do pagamento das concessões, criaram, na prática, um rombo a ser coberto pelos cofres públicos.

PL na Câmara Federal obriga empresas a criar projetos sociais para crianças geradas no transcorrer da obra como os "Filhos do Rodoanel"


Teresa Surita apresenta PL que obriga empreiteiras a investir em projetos sociais

A deputada Teresa Surita (PMDB/RR), apresentou no último dia 9, o Projeto de Lei (PL) n°. 1962, para obrigar que as empreiteiras contratadas, no âmbito de Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), apliquem 1% do valor total do contrato em projetos sociais sustentáveis voltados a crianças, adolescentes e jovens da comunidade do entorno da obra. A iniciativa da parlamentar altera a lei n°. 12.462/11.

A proposta estabelece que o contrato deverá especificar a forma e o prazo de aplicação deste percentual nos projetos. Além disso, os recursos apenas serão repassados quando for apresentado pela empreiteira o projeto das iniciativas sociais a serem desenvolvidas.

Segundo Teresa, com as grandes obras a serem executadas para preparar o país para a Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016, principalmente, é necessário encontrar alternativas para que as crianças, adolescentes e jovens não sofram impactos negativos dessas grandes edificações.

“Precisamos evitar que nossas crianças, adolescentes e jovens fiquem expostos aos problemas causados por estas grandes obras. Acredito que, ao fomentarmos estes projetos sociais, retiramos crianças e adolescentes das ruas, do descaso e da criminalidade e oferecemos educação, proteção e prevenção de problemas que, se não forem tratados, teremos que administrar no futuro”, disse Teresa.

A deputada citou como exemplo o Rodoanel, em São Paulo. Os chamados ‘Filhos do Rodoanel’, crianças geradas no período de construção, filhos de funcionários das obras com jovens e adolescentes do entorno, foram abandonados após o término.

RDC - A lei n° 12.462/2011, ou Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), é aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016; da Copa das Confederações; da Copa do Mundo de 2014; de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km das cidades sedes dos eventos citados anteriormente.



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Frente parlamentar do rodoanel faz reunião dia 30



A segunda reunião da Frente Parlamentar para Acompanhamento das Obras do Rodoanel, presidida por Vanessa Damo (PMDB), será realizada no dia 30/8, às 11h, no auditório Paulo Kobayashi. Lançada em 16 de junho, a frente tem por objetivo acompanhar as ações do governo do Estado e das empresas envolvidas nas obras dos trechos sul, leste e norte.

De acordo com Vanessa, além de ser o principal instrumento de debate, fiscalização e controle das operações do Rodoanel, a frente visa “garantir a participação da população no debate sobre esta importante obra viária e seus impactos junto às comunidades, como no caso das desapropriações, das compensações ambientais, das mudanças nos sistemas viários e demais aspectos relacionados ao empreendimento”.

Rodoanel, ainda sem acessos concretizados, traz mudanças para Mauá


Quatro anos após o início das obras;
 o Rodoanel foi entregue no dia 1º de abril de 2010.

Porém, o trecho sul, que interliga Mauá com as mais importantes rodovias que cruzam o Estado de São Paulo, ainda não havia sido finalizado na região que corta o município. Estão inacabados alguns detalhes chamados “acessos”, que fazem a pista do Rodoanel chegar e sair da cidade.

Os acessos são extensos e envolvem complicações, que dizem respeito a desapropriações em alguns pontos de Mauá, como no Jardim Oratório (que teve mais de 2.300 famílias removidas); investimentos em trevos, viadutos e alargamento de pistas (que chegam a R$ 82 milhões); sincronização do tempo dos semáforos nos cruzamentos; aumento no número de faixas de circulação de carros em avenidas que comportam a mudança e mapeamento das melhores rotas de fuga da região e vias de cidades vizinhas, para que os motoristas sejam induzidos a usá-las.

Mesmo com os acessos em construção, o Rodoanel já começou a mostrar a sua cara à população mauaense. A avenida Papa João 23 está recebendo novo formato, com algumas alças de entrada e saída da pista principal do Rodoanel.

Já na avenida Alberto Soares Sampaio, no bairro Capuava, ainda faltam mais alguns detalhes para o seu término, como alças de acesso, correção imediata do asfalto e iniciativa para melhora do trânsito naquela região.

Divulgado calendário de reuniões sobre compensação do trecho sul do rodoanel



Datas foram propostas pelo deputado Luiz Claudio Marcolino para que população possa participar do debate sobre compensação ambiental nos trechos afetados pelas obras.

Foi anunciado para este mês, pela Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), o calendário de reuniões públicas em que será discutida a compensação ambiental em função dos prejuízos causados pelas obras do trecho sul do Rodoanel Mario Covas. A primeira reunião (geral) aconteceu no dia 8 de agosto, no CEU Parelheiros.

O calendário foi proposto pelo deputado Luiz Claudio Marcolino (PT) durante consulta pública realizada em 25/5 no CEU Cidade Dutra. Na ocasião, ele disse que "a população tem o direito de discutir melhor o formato dos parques. Afinal, é ela que tem de dizer como quer ser compensada".

A empresa está propondo a preservação de quatro grandes áreas verdes ao longo do traçado da via Varginha, Itaim, Jaceguava e Bororé, que seriam fechadas e transformadas em "parque naturais".

A proposta, no entanto, segundo o deputado, não contempla a verdadeiro significado de compensação. Ele defende que os parques sejam abertos ao público, com espaços para lazer e recreação, citando o Jardim Botânico como exemplo. "Apenas preservar algo que já existe não é compensação", criticou o parlamentar, que disponibilizou em seu site o calendário completo das reuniões.
Participe e colabore com a criação dos Parques Naturais Municipais - Bororé, Varginha Itaim e Jaceguava, oriundos da compensação ambiental do Rodoanel Mario Covas – Trecho Sul.


Confira a programação das reuniões: 

08/08 - Geral - CEU Parelheiros – 18:00hs
Rua José Pedro De Borba, 20 - Parelheiros

13/08 - P.N Bororé – 10:00hs
E.E Prof. Adrião Bernardes
Estrada de Itaquaquecetuba, 9.953 – Ilha do Bororé

16/08 – P.N Varginha – 18:00hs
Av. Paulo Guilguer Reimberg, 9.685 – Chácara Santo Amaro

20/08 – P.N Varginha – 10:00hs
CEI São Simão
Rua: Erwin Fuhrmann, 295 – Jardim Varginha


Informações:
Divisão de Unidade de Conservação SVMA – PMSP
Rua do Paraíso, 387 – 5º Andar
3396-9214

Fonte: Sub. Capela do Socorro

Empresas cobram esgoto no Sertãozinho




A falta de saneamento básico preocupa as empresas que se estabeleceram há décadas no Polo do Sertãozinho, em Mauá. Sem serviço de coleta de esgoto sanitário, as indústrias temem não ter a licença de funcionamento renovada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

Se por um lado são vizinhos da maior obra viária da América Latina, o Rodoanel Mário Covas, também um símbolo de modernidade, por outro, a infraestrutura pública oferecida às empresas parece que parou no tempo.

Não há na região sistema de encanamento para recolher e levar para tratamento os rejeitos produzidos nos banheiros, vestiários e refeitórios de cerca de 100 companhias, que empregam milhares de funcionários - não existe estimativa oficial, mas fala-se em cerca de 12 mil.

A Aepis (Associação das Empresas do Polo Industrial do Sertãozinho) reclama que a Prefeitura de Mauá deveria instalar sistema coletivo de saneamento.

"A parte residencial do bairro dispõe de subcoletores, que levam o esgoto para coletores centrais, mas a metade industrial não foi contemplada por esse projeto", afirmou o advogado da Aepis Marcelo Tarluto.

Sem infraestrutura pública, cada empresa é obrigada a procurar saída, instalando fossas sépticas e sumidouros, que são estruturas primárias de tratamento do esgoto.

Além de não ser o ideal para resolver o problema do saneamento básico, essas unidades ocupam espaços físicos que nem todas as empresas são capazes de disponibilizar, e também são dispendiosas.

O gasto com o projeto varia de acordo com as características e a capacidade de cada empresa. Com 350 funcionários, o presidente da Ferkoda Artefatos de Metais, Norberto Luiz Perrella, calcula em até R$ 100 mil o investimento.

"Cada companhia precisa ter o seu próprio tratamento, e entendemos que isso seja obrigação da Prefeitura. As empresas tratam os resíduos industriais, o que não temos é o saneamento básico", afirmou Perrella.

"Como tantas outras, minha companhia está preparada para descartar o esgoto desde que haja rede coletora", afirmou um empresário, que pediu para não ser identificado. "Minha licença foi renovada pela Cetesb, mas tenho essa pendência. Poderia investir na construção de sumidouros, mas o ideal seria utilizar esse dinheiro para contribuir com a criação da infraestrutura coletiva."

Para tentar viabilizar acordo, desde março, a unidade de Santo André do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, que também atende Mauá, tem realizado reuniões entre empresários e poder público.

"As indústrias admitem até investir em conjunto, se colocam à disposição em ajudar, mas é preciso que exista um projeto elaborado pela administração, com metas e prazos definidos", afirmou a gerente regional do Ciesp, Irina Freire.

O último encontro para discutir o assunto havia sido marcado para a primeira semana de agosto, mas foi adiado pela administração, segundo o Ciesp. Outra data para renovar o debate ainda não foi determinada. 

OUTRO LADO

A Prefeitura de Mauá informou que oferece infraestrutura pública de saneamento básico ao longo da Avenida Papa João XXIII, o coração do polo.

Diferentemente do que dizem empresários, para a administração, o que falta são as empresas se conectarem à rede, que é de responsabilidade da concessionária Foz do Brasil.

O Diário percorreu a Avenida Papa João XXIII e só encontrou tampas e caixas indicando a existência de galerias de águas pluviais, por onde escoa a água da chuva, mas não pode correr o esgoto.

Cetesb minimiza riscos contra indústrias 

Apesar do debate ainda sem fim entre administração e a associação das indústrias, a Cetesb minimizou o temor dos empresários de terem as atividades interrompidas ou encerradas por conta de problemas de saneamento.

Segundo a companhia, "a ausência da rede coletora não é impedimento para renovação da licença ambiental." Ainda de acordo com o órgão, "a licença é renovada desde que atenda as condições estabelecidas pela Cetesb", mas não informou quais seriam.

O Polo Industrial do Sertãozinho reúne empresas diversas, como metalúrgicas, químicas, de plásticos e até transportadoras.

Além de gerar emprego e renda, as companhias abastecem os cofres do município com o recolhimento de impostos e tributos - a Aepis não soube estimar o valor.

Mesmo que não seja determinante para a instalação de indústrias, a associação entende que a falta da rede coletora é empecilho para o desenvolvimento do polo, já que a necessidade de criar meio para o tratamento do esgoto pode desestimular empresários interassados em se mudar para o Sertãozinho.

Polo industrial tem problemas com energia 

Não é só o encanamento por onde deveria correr para tratamento o esgoto sanitário que preocupa os empresários do Polo Industrial do Sertãozinho. Com fios e cabos que transmitem a energia elétrica, as companhias também têm problemas.

Frequentes quedas e períodos de apagões deixam as empresas no escuro, fazendo parar a produção, prolongando a jornada de trabalho dos empregados e trazendo toda a sorte de inconvenientes.

No fim de 2009, o Diário publicou reportagem mostrando os prejuízos provocados pelos blecautes. Segundo os empresários, as interrupções eram diárias e se prolongavam por intervalos de até uma hora.

A AES Eletropaulo informou que a demanda de energia elétrica "teve grande crescimento nos últimos tempos" e foi necessário adequar a carga distribuída.

Segundo a companhia, cinco projetos para melhorar a qualidade do serviço estão em andamento na região do Sertãozinho e serão concluídos em dezembro de 2012. O investimento é de R$ 27 milhões.

Construção do Trecho Leste do Rodoanel começa na 4ª



A construção do Trecho Leste do Rodoanel Mario Covas, que ligará Arujá e Mauá, vai começar na quarta-feira. A nova data é um avanço no cronograma estabelecido pelo consórcio SPMar (que ganhou a licitação do Trecho Sul e, como contrapartida, vai construir o Leste), que previa o começo para setembro e a conclusão no primeiro semestre de 2014.

O consórcio responsável pelas obras também entregou à Agência Reguladora dos Serviços de Transporte a lista de todas as melhorias necessárias no Trecho Sul para ter início a cobrança dos pedágios. A agência está em fase final de análise e pode liberar a operação das praças até o início do próximo mês.

A nova data para o início do Trecho Leste foi anunciada ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em Santos, no litoral sul. Como vem fazendo periodicamente nos últimos meses, ele aproveitou para falar de uma série de obras e projetos voltados para a região da Baixada.

Um dos pacotes anunciados foi de intervenções nas rodovias. Na Imigrantes, por exemplo, serão construídos dois viadutos na altura de São Vicente, nos cruzamentos com a Avenida Marechal Rondon e a Rua Paulo Horneaux de Moura.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

BID abre painel para investigar obra do Rodoanel


Moradores da Serra da Cantareira há mais de 50 anos, Mauro Victor (à direita) e Luiz Bettarello 
estão contra a construção do trecho Norte do Rodoanel
  
Com Estudo de Impacto Ambiental paralelo, ambientalistas da Serra da Cantareira pedem ao banco suspensão de financiamento.

Principal vitrine do PSDB nas eleições de 2012 e 2014 e maior obra viária em execução no Brasil, o Rodoanel Mário Covas, em São Paulo, corre o risco de perder parte significativa de seu financiamento graças à ação de um "exército de Brancaleone" formado por ambientalistas da Serra da Cantareira.

Liderados pelo engenheiro agrônomo Mauro Moraes Victor, que foi um dos fundadores do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), e pelo médico homeopata Luiz Bettarello, o grupo tem a retaguarda de 60 ONGs da região.

Para impedir as obras do trecho Norte, que passa pela região da Serra da Cantareira, na Zona Norte da capital paulista, eles recorreram ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pedindo a suspensão do financiamento de R$ 2 bilhões prometido pelo organismo ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Com conclusão prevista para o ano eleitoral de 2014, o trecho Norte tem custo estimado de R$ 5,2 bilhões e deve ligar o Aeroporto Internacional de Guarulhos com a Rodovia Fernão Dias. O trajeto ainda leva aos trechos Oeste e Sul do Rodoanel, que estão em operação e ligam as Rodovias Bandeirantes e Anchieta, facilitando o acesso a Santos.

Até agora, os ambientalistas venceram duas batalhas ao apelar diretamente ao BID. "A primeira foi em 1987, quando a prefeitura tentou construir uma avenida que cruzava o Parque da Cantareira; e a segunda, em 2000, quando o Governo Federal tentou fazer o Rodoanel", diz Luiz Bettarello, ao mostrar recortes de revistas e jornais que noticiam a suspensão dos recursos do BID.

Nas últimas semanas, os ambientalistas conseguiram mais uma vitória importante e que acendeu a luz amarela no governo estadual. O BID instalou um painel de investigação para averiguar as denúncias apresentadas ao banco no formato de Estudo de Impacto Ambiental paralelo. O documento foi feito em inglês e tem 116 páginas.

"O BID aparece como parceiro nas propagandas do governo paulista. Isso é propaganda enganosa", afirma Mauro Victor. Para ele, enquanto a demanda do grupo não for julgada internamente no banco, os recursos não podem ser liberados.

Ao ser questionado sobre a investigação pedida pelo grupo, o secretário de Transportes de São Paulo, Saulo de Abreu, minimizou o caso. "Alguns moradores não estão muito contentes com a obra. Se fosse tudo no meio de uma fazenda, não teria problema. No meio da cidade, toda obra gera problema. De qualquer forma, está tudo certinho com o BID. O dinheiro vai sair na medida do desembolso", diz.

Laurence Casagrande Lourenço, presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa), estatal responsável pela obra, é mais cuidadoso. "De fato, um processo foi aberto no BID e está em análise. Mas, da mesma forma que recebe as denúncias do Mauro Victor, me consultam para saber o que está acontecendo. Até agora, tivemos êxito", afirma.

"Nas três missões do banco ao Brasil, fomos para a fase seguinte. Por isso, não temos motivos para acreditar que o dinheiro não vai sair". Ainda segundo o presidente da Dersa, a expectativa é assinar o primeiro dos dois contratos até dezembro.

"Mas, desde abril deste ano, temos autorização do banco para gastar. Os cofres do governo serão ressarcidos quando sair o financiamento. O grupo do Mauro Victor é pequeno, mas muito organizado. Talvez o banco tenha um pouco mais de cuidado antes de conceder o financiamento, seja mais conservador, como um bom banco deve ser".

O escritório do BID no Brasil confirmou a instalação da investigação sobre as denúncias em Washington. Até o fechamento desta edição, a assessoria técnica do banco não havia respondido se o rito de averiguação pode travar o envio dos recursos. No site da instituição, o projeto do Rodoanel aparece como "em preparação" e não como "aprovado".

Rodoanel vai servir para expulsar o pobres da Serra da Cantareira, diz Bruno Covas

Rindo da cara do povo. Vamos passar o trator em cima da população.
Cuidado, ele quer ser prefeito de SP!
P - Qual será o impacto ambiental da obra do trecho norte do Rodoanel na Serra da Cantareira? Ambientalistas e moradores temem um cenário devastador...
R - A ideia da obra é conter o avanço da população sobre a Serra da Cantareira. Ela vai servir inclusive como um obstáculo à ocupação. A obra vai conter a expansão da cidade. Se a área de preservação ambiental não for cuidada, ela acaba em ocupação.




P - Todas as pendências ambientais relativas a obra do trecho norte do Rodoanel foram resolvidas?
R - A obra não está 100% aprovada. A Dersa ou o reponsável pela obra ainda precisam apresentar uma série de documentos para obter a licença de instalação. Várias ações ainda precisam ser feitas, como pagamento de compensação ambiental.




P - Qual a importância dessa obra para o projeto do PSDB em São Paulo?
R -É uma obra que está há 14 anos sendo feita. É uma promessa de campanha que o governador Geraldo Alckmin está cumprindo. Em 2014 a população vai avaliar o que foi feito. 
Veja a integra da entrevista do higienista, ops, quer dizer, Secretário do Meio-Ambiente do Estado de São Paulo ao jornal Brasil Econômico clicando AQUI

- FALA SÉRIO SRS. RESPONSÁVEIS!

Matéria do Estadão de 28/07/2011 (veja abaixo), investiga que muitas das compensações prometidas para mitigar a obra de ampliação da Marginal do Tietê não foram implantadas. A “prometedora” é a Dersa. A “fiscalizadora” é a SVMA – Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

As mesmas que prometem fazer e prometem fiscalizar as mitigações do trecho Norte do Rodoanel.

Foi para compensar a impermeabilização que as fotos abaixo revelam, que houve o compromisso de plantar árvores e outras providências. A matéria questiona os resultados das compensações. Como disse um técnico na entrevista, as mitigações não dão Ibope… e lenhe-se a cidade.

Marginal, da ponte do Limão - Setembro/2009

Marginal, da ponte do Limão - Julho/2011

 Do Blog do Rodoanel  do ZN na Linha

Pronta, Nova Marginal fica sem verde, tecnologia e acessibilidade prometidos 15 mil árvores não foram plantadas

sábado, 30 de julho de 2011

Promotor cobra ação contra impacto social de Rodoanel


Trecho sul do Rodoanel em Mauá, na Grande São Paulo; promotor cobra ação contra impacto social da obra


O promotor Maurício Ribeiro Lopes encaminhou na terça-feira (26) um ofício à Dersa e à Secretaria de Transportes de SP com o intuito de evitar impactos sociais no entorno das obras dos trechos norte e leste do Rodoanel, as próximas etapas da construção.


Reportagem publicada no último domingo pela Folha mostrou que a migração de operários aumentou o número de grávidas abandonadas --inclusive adolescentes-- no entorno da obra do trecho sul, em São Bernardo do Campo (Grande SP).

No ofício, Lopes pede 'indicações do tipo de providências que adotarão para evitar que esses problemas se reproduzam'. Já existem dois inquéritos do Ministério Público para apurar eventuais irregularidades no trecho norte. Esse ofício será juntado ao inquérito.

'A gente pode passar a exigir um dimensionamento das consequências sociais no estudo de impacto ambiental dessas grandes obras.'

Na terça-feira (26), cinco vereadores de São Bernardo do Campo se reuniram com moradores para discutir a questão e agendaram para o próximo dia 8 uma audiência com presença de deputados estaduais e federais da região.

O governo federal diz já ter tomado providências para que o problema não ocorra na obra da usina de Belo Monte, no Pará.

Segundo o secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Rogério Sottili, um decreto de outubro criou um grupo de trabalho para levar a presença do Estado à região.

'Esse comitê gestor começa a preparar propostas de serviços públicos --de saúde, educação, combate à exploração sexual da criança e adolescente, que infelizmente é uma consequência de canteiros de grandes obras.'

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O mito do planejamento tucano nas obras viárias da região metropolitana de São Paulo

O governo do Estado de São Paulo, nas mãos do PSDB há 16 anos, sempre se gabou de excelência administrativa, com seus “choques de gestão” e com a qualidade de seu planejamento, marca registrada de uma administração supostamente austera na realização e cumpridora de prazos. Não é o que os munícipes têm visto. A seguir, estão expostos alguns casos nos quais a falta de planejamento, alem de causar atraso no prazo de entrega das obras, acarreta um sobrepreço, muito superior aos gastos previstos inicialmente na licitação. A má gestão do dinheiro público e o seu consequente desperdício são a real marca dos governos do PSDB em São Paulo

Na Jacu-Pêssego, o aumento do valor da obra chega a 175%

A Jacú-Pêssego é uma avenida da capital paulista construída em 1996. Com a inauguração, em 2008, do acesso Rodovia Airton Sena, foi anunciado o seu prolongamento, entre o trevo da Avenida Ragueb Chohfi, na zona leste da capital, até a Avenida Papa João 23, em Mauá, possibilitando aos motoristas chegar ao trecho sul do Rodoanel. Essa obra, que fazia parte do calendário eleitoral de inaugurações do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra, foi entregue incompleta e com atraso em outubro de 2010. O gasto inicial previsto na licitação, de R$ 835 milhões, dobrou até essa data, para atingir R$ 1,9 bilhão. Já consumiu dos cofres públicos R$ 2,3 bilhões – 175% de sobrepreço - e a ultima previsão do governo é que estará concluída somente em setembro.
Até lá, os moradores dos bairros da zona leste continuarão a sofrer com as enchentes, devido a falta de obras de infraestrutura para a solução do problema, e os motoristas, a conviver com os assaltos que ocorrem com frequência na via, por falta de iluminação.

Rua Confederação dos Tamoios, na Zona Leste,  ficou esburacada após as obras

Av.Jacú-Pêssego iluminada emergencialmente por geradores a diesel

Sobrepreço da duplicação da Marginal Tietê equivale a sete hospitais

Uma das jóias do calendário eleitoral de inaugurações do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra era a duplicação da avenida marginal Tietê. Anunciada com pompa, a propaganda da obra, orçada inicialmente em R$ 1 bilhão, prometia reduzir em 35% o tempo gasto no seu percurso. Mas, assim como toda obra tucana, essa também peca pela falta de planejamento e qualidade de gestão. Com o seu custo elevado em 75% acima do previsto inicialmente, e 10 meses de atraso, foi entregue nesta quarta-feira, 27/07,a ponte estaiada sobre o rio, que integra o complexo viário, sem a conclusão e sem a previsão de construção da alça de acesso ao bairro do Bom Retiro. A pressa explica-se pelo calendário eleitoral – as eleições municipais de 2012.
Com o sobrepreço de R$ 750 milhões, seria possível construir 300 escolas, ou 7 hospitais de 200 leitos cada.

 Ponte estaiada inaugurada sem a prometida alça de aceso para o Bom Retiro

Na parte superior, a esquerda, o acesso ao Bom Retiro sem previsão de entrega 

Rodoanel trecho Sul, paradigma do mau planejamento tucano.

O trecho sul do Rodoanel, outra obra eleitoral do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra, é o campeão da falta de planejamento/incompetência. Realizada a toque de caixa, a via cruza dois dos reservatórios de água estratégicos da região metropolitana, as represas Billings e Guarapiranga. São inúmeras as denúncias de não cumprimento das exigências previstas no EIA-Rima, para a obtenção da licença ambiental.

O metodo de corte-aterro causa danos irreparáveis ao meio ambiente

Pressa e falta de experiência colocam vidas em risco no Rodoanel trecho Sul

A queda de três vigas de uma viaduto em construção, no dia 13 de novembro de 2009 ferindo 3 pessoas, foi um sinal de que a pressa na construção do trecho sul do Rodoanel iria provocar muitos problemas no futuro. De fato, no dia 26 de julho, a imprensa noticiou que um erro no projeto, ao custo de R$ 17 milhões, inviabiliza o uso da principal alça de acesso do Rodoanel à rodovia Regis Bittencourt, em Embu das Artes. Inaugurada em junho do ano passado, a via não é liberada pela concessionária Autopista Regis Bittencourt e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres sob a justificativa de que é insegura, em razão da existência de um afunilamento da pista no seu lance final. Esse grosseiro erro de engenharia exige dos motoristas que reduzam forçosamente a velocidade, mais do que a cautela ou as leis do trânsito o exigiriam.

Inexperiência, pressa e economia de matérias segundo os especialistas

R$ 17 milhões na mais cara obra eleitoral do estado

Os Filhos do Rodoanel

O descaso dos tucanos paulistas para com as pessoas carentes não é novidade. Mas no caso do trecho sul do Rodoanel é gritante. Desatentos ao fato de que uma obra desse porte atrairia milhares de operários - 22 mil no auge da construção – os responsáveis pelo planejamento e gerenciamento da obra não previram o problema social que disso adviria. O resultado é que nas regiões por onde a obra passou ficou um rastro de bares e pequeno comércio falidos, tráfico de drogas, prostituição infantil e mães solteiras.
De acordo com estatísticas das autoridades dos municípios por onde passa o Rodoanel, houve um aumento na taxa de natalidade nas proximidades dos canteiros da obra. Isso foi confirmado em reportagem feita pelo jornal tucano Folha de São Paulo, na edição de 24/07/2011. Entrevistadas, mulheres residentes no local informam que tiveram filhos de operários da obra.

Mãe de filho do Rodoanel chora sem condições de criar o rebento

A tecnologia tucana em atraso e sobrepreço também na prefeitura de São Paulo

Na Prefeitura de São Paulo o planejamento tucano também está presente, desde a breve passagem por lá do ex-governador e candidato a presidente derrotado José Serra. O viaduto Padre Adelino, na zona leste da capital, é um dos exemplos ilustrativos de sua marca registrada. Iniciada em 2007 com dois anos de atraso, a obra deverá ser concluída somente em agosto, dez meses depois do prazo inicialmente previsto. E o sobrepreço? A justificativa oficial das desapropriações não previstas originalmente eleva o seu custo em R$3,2 milhões.

 Obras que nunca acabam no Viaduto Adelino - 1

 Obras que nunca acabam no Viaduto Adelino - 2


Obras que nunca acabam no Viaduto Adelino - 3

Com informações do Jornal da Tarde, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e dos blogs Movimento Rodoanel Não e A verdade do Rodoanel

terça-feira, 26 de julho de 2011

Obra de R$ 17 milhões no Rodoanel tem falha e não pode ser inaugurada



Uma falha no projeto impede a abertura da principal ligação do Trecho Sul do Rodoanel para a Rodovia Régis Bittencourt, em Embu das Artes. A alça de acesso está totalmente pronta há mais de um ano, com as faixas pintadas no asfalto e as placas de limite de velocidade colocadas. No entanto, a obra de R$ 17 milhões não pode ser inaugurada, pois, do jeito que está, há risco de acidentes para os veículos que chegam na Régis.

A alça de acesso ficou pronta em junho do ano passado – dois meses após a inauguração do Trecho Sul. Há outra ligação com a Régis Bittencourt, aberta com a inauguração do Trecho Oeste (2002), mas é longa, cheia de curvas e feita para baixa velocidade. A nova alça é uma ligação direta com a pista expressa da rodovia.

Mas a nova ligação não obtém a liberação para o tráfego da concessionária que administra a Régis Bittencourt (Autopista Régis Bittencourt) nem da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O argumento é que ela é insegura, pois há um afunilamento no final da alça, bem no encontro com a Régis Bittencourt. Essa situação exige que os motoristas reduzam a velocidade para entre 40 km/h e 60 km/h.

O problema é que esses veículos vão dividir espaço com os que trafegam na Régis Bittencourt, a uma velocidade de até 90 km/h. “Sob o ponto de vista da segurança, essa geometria apertada no final é totalmente inadequada e pode haver conflito e acidentes”, disse o engenheiro de tráfego Horácio Augusto Figueira. Ele acrescenta que é necessário um trecho segregado, de 500 metros, para os veículos ganharem velocidade.

Essa é justamente uma das exigência da concessionária responsável pela rodovia. A previsão é que a abertura leve pelo menos mais dois meses. Um novo projeto da empresa de Desenvolvimento Rodoviário SA (Dersa) – ligada ao governo estadual e responsável pelas obras do Rodoanel – foi aprovado pela ANTT e pela Autopista. Para viabilizar mais rapidamente, não será preciso de imediato a construção de uma outra faixa, mas os caminhões e ônibus não poderão usar a nova ligação.

A Dersa afirma que não houve erro no projeto, que foi apreciado e aprovado pelas autoridades federais. A empresa atribui a demora à concessionária, que teria pedido para adiar a abertura, pois faria melhorias no asfalto. Depois, a Autopista teria modificado as exigências para a abertura.

Enquanto a nova alça não é aberta, os motoristas usam o acesso antigo. É uma ligação cheia de curvas, feita em baixa velocidade, que provoca congestionamentos, além de riscos de acidentes.

Os moradores e pessoas que trabalham no Bairro Vista Alegre reclamam que chegam a levar até uma hora para percorrer o trecho entre o fim do acesso do Rodoanel até a entrada da cidade.

Do Contexto Livre

domingo, 24 de julho de 2011

Folha descobre a falta de "planejamento" tucano, PSDB é o verdadeiro pai dos "filhos do Rodoanel"

Dezenas engravidaram e foram abandonadas com filhos por trabalhadores 
São Bernardo do Campo teve aumento de 31% de gestantes, em 2008; prefeitura diz que não há relação nos casos

Edicleide, 39, conheceu "Ceará", 48, em 2009, num forró. Ele, operário do trecho sul do Rodoanel. Ela, moradora do Jardim Represa, bairro de São Bernardo do Campo, vizinho à obra inaugurada em março de 2010.

Namoraram, juntaram, ela engravidou, ele ficou com outra (que também engravidou), brigaram, ele sumiu.

O filho foi registrado, mas nunca recebeu um centavo de pensão. O paradeiro de "Ceará" é desconhecido.

Hoje, ela vive em uma casa de dois cômodos com o auxílio do Bolsa Família -pago pelo governo federal- e a pensão de outras duas filhas.

A história de Edicleide Maria dos Santos é apenas um dos relatos de gravidez e abandono ouvidos pela Folha em seis bairros carentes da cidade, vizinhos às obras iniciadas em 2007.

Líderes comunitários, moradores, funcionários da prefeitura e conselheiros tutelares afirmam que "dezenas de mulheres" -muitas delas, adolescentes- engravidaram durante os três anos em que cerca de 4.000 operários permaneceram no local (em todo o trecho sul, foram 11 mil empregados diretos).

"Foram muitas crianças órfãs, porque o pai sumiu e retornou para seus familiares", diz Evaldo Carvalho, 43, líder comunitário do Parque Los Angeles.



Dizem que este é o verdadeiro pai dos "filhos do Rodoanel"

"PAI DE ONZE"

O município não tem o levantamento dos casos. Porém, em 2008, com os alojamentos já apinhados de operários, houve aumento de 31% no total de grávidas na cidade -e de 61% de gestantes com menos de 20 anos.

Em quatro das cinco unidades de saúde que atendem bairros do entorno da obra, houve aumentos de 40% a 82% -e de 73% a 91% no caso de gestantes adolescentes.

A prefeitura ressalta que, como houve aumento também em regiões distantes da obra, "não é possível concluir categoricamente que houve aumento significativo dessas ocorrências por causa dos relacionamentos fortuitos de operários do Rodoanel com as mulheres da região".

Nos cinco dias em que percorreu a região, a Folha conversou com seis mães, além de parentes e vizinhos de outras nove -total de 15 casos.

Um conselheiro tutelar que pede para não ser identificado confirma que foram "dezenas" -fora os casos que não chegaram ao conselho e os das maiores de idade.

No setor da conselheira Érica Santana, foram cinco adolescentes, entre 15 e 17 anos -além de denúncias de que um operário engravidou 11 meninas no bairro Areião.

Projetos sociais focaram os removidos
Segundo a Dersa, responsável pelas obras, pouco foi feito em relação ao impacto causado às famílias que ficaram na região
Gerente da estatal diz que os projetos serão ampliados durante a construção do trecho norte do Rodoanel

A Dersa, empresa do governo estadual responsável pelas obras do Rodoanel, admite que os projetos sociais do trecho sul foram voltados para as famílias removidas e que pouco foi feito em relação aos impactos causados às que ficaram na região.

Por isso, diz o gerente da Divisão de Gestão Social, Luciano Dias, a Dersa pretende ampliar os projetos sociais no trecho norte, cuja construção deve começar em dezembro. Ele questiona, porém, a relação direta entre a obra e a alta de gestantes.

Dias afirma que a licitação do novo trecho deverá incluir o compromisso das empreiteiras em trabalhar junto com a Dersa nas ações sociais, inclusive dentro dos canteiros das obras.

Ele diz que o crescimento de grávidas não foi cogitado porque não ocorreu no trecho oeste. "Já que teve uma situação, vamos ver o que a gente pode fazer contra isso em relação ao trecho norte para que não se repita".

Dario Rais Lopes, secretário de Transportes na época da contratação da obra, na gestão anterior do governador Geraldo Alckmin (PSDB), diz que não tinha como se prever esse impacto. Ele defende que essa preocupação seja incorporada.

Mauro Arce, secretário de Transportes durante a execução da obra, na gestão José Serra (PSDB), foi procurado, mas não deu entrevista.

A Secretaria de Estado da Saúde enfatiza que a responsabilidade pela orientação de planejamento familiar é dos municípios e que enviou recursos no período.

CADASTROS

Rodolfo Strufaldi, coordenador do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Prefeitura de São Bernardo, atribui a alta de gestantes à melhoria do cadastro da prefeitura, mas admite que a obra pode ter contribuído.

Segundo ele, a prefeitura reagiu rápido, com aumento de agentes comunitários (de 100 para 1.115 desde 2008), grupos de discussão nas UBSs e distribuição de preservativos aos operários.

Dos três consórcios que atuaram na região, o Queiroz Galvão/CR Almeida não respondeu aos questionamentos e se limitou a dizer que "se pautou pela execução responsável da obra e sempre cumpriu os requisitos estabelecidos em contrato".

Já o Odebrecht/Constran diz ter feito campanhas de prevenção, incluindo temas como DST, planejamento familiar e reuniões com a comunidade. O Andrade Gutierrez/Galvão Engenharia acrescentou ter abordado também prevenção contra drogas e alcoolismo.






Obras do Rodoanel deixam "órfãos" na região do ABC
Mães solteiras da região enfrentam o preconceito
Crianças são chamadas de "filhos do Rodoanel"; assunto atrai desconfiança e ironia
Na periferia de São Bernardo do Campo, o tema é tabu; moradores relatam aumento de brigas e prostituição


"Filha do Rodoanel!" -da janela da manicure de 35 anos dava para ouvir uma vizinha gritando, em referência à criança de um ano e nove meses que ela teve com um mestre de obras da via.

"Preconceito existe. Fazem piadinha falando que somos "mães do Rodoanel", mas tenho que focar na vida daqui pra frente", diz.

O tema é tabu no Parque Los Angeles, periferia de São Bernardo do Campo, onde mora a manicure. Falar sobre grávidas e Rodoanel ali geralmente resulta em silêncio, desconfiança, evasivas, negativas ou risadinhas.

"O povo não gosta de falar sobre a gente porque é coisa íntima, eles têm medo de que a gente ache ruim", diz a empregada doméstica Gizele Cerqueira, 30, que afirma não sofrer preconceito.

Ela sabe que o pai de sua filha, de dois anos e meio, é de Alagoas, mas ignora seu paradeiro. A criança não foi registrada e ele sumiu quando ela tinha 15 dias de vida.

A autônoma Alcione Amaro, 30, do Parque Los Angeles, teve mais sorte. Seu namorado da época, topógrafo mineiro, foi embora quando ela estava grávida de dois meses, deixando apenas um telefone. "Eu ligava todo dia, fiquei desesperada porque não conseguia contato."

Oito meses depois, já com o bebê nascido, ela conseguiu. Desde então, ele paga a pensão do menino.

Os moradores também falam da presença de meninas, de 12 a 17 anos, que iam para os alojamentos, de mochila e tudo, direto da aula.

FESTAS E PROSTITUIÇÃO

Outros impactos da obra apontados pela comunidade são: aumento de prostituição, consumo e tráfico de drogas, acidentes, brigas e isolamento de bairros. Jornais como o "São Bernardo Hoje" e o "Diário do Grande ABC" já haviam apontado os problemas, que, segundo eles,também atingiram Santo André e Mauá.

À epoca, moradores alugaram casas e chácaras aos trabalhadores. "Tinha muita menina de 15 anos no alojamento com 40 peões", conta a manicure Maria Cristiane Santos, 21, que engravidou de um operário do Piauí.

"Havia brigas e confusão, a gente nem dormia", lembra a dona de casa Cátia Cirilo, 36. Também havia mais bares abertos, que viviam cheios.

"Houve um momento de abundância econômica e, depois que esses homens voltaram para suas terras, deixaram as dívidas para trás", diz o vereador Paulo Dias (PT). O prefeito Luiz Marinho, do mesmo partido, não deu entrevista.

Marinei Marques, 51, foi uma das que não recebeu por algumas roupas que lavou.

Mas ela guarda cuidadosamente um bilhete deixado por um gaúcho que conheceu: "Mara, saiba que você foi minha gostosa."

Ela não engravidou, mas entrou em depressão quando o namorado foi embora e trocou o número do celular.

"Morro por causa daquele homem!", diz, entre gargalhadas.

Da Folha de São Paulo de 24/07/2010