domingo, 16 de outubro de 2011

Verdão goleia Corinthians em obras pelo trânsito


O placar ficou desigual. De um lado, o Palmeiras, que, para construir o seu novo estádio, na zona oeste, precisou bancar uma série de exigências da Prefeitura a fim de minimizar o impacto do empreendimento no trânsito da região. Do outro, está o Corinthians, clube do qual a gestão Gilberto Kassab (PSD) não cobrou nenhuma melhoria viária no entorno da sua futura arena, na zona leste, que poderá receber a abertura da Copa do Mundo de 2014.

Embora as duas construções tenham uma capacidade semelhante – ambas serão dimensionadas para pouco mais de 45 mil torcedores –, só o clube alviverde precisará fazer intervenções nas vias perto do seu estádio, em Perdizes.



Alargamento da Avenida Francisco Matarazzo, adequações em três cruzamentos e instalação de grades e semáforos estão entre as obrigações impostas ao Palmeiras no ano passado. As ações devem ser projetadas e implantadas pelo clube – que não informou seus custos –, seguindo padrões de órgãos como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Elas estão contidas na certidão de diretrizes da obra. Esse documento, emitido pela Secretaria Municipal de Transportes e necessário para obter o alvará de aprovação, estabelece medidas que devem ser tomadas pelos construtores para reduzir o impacto no trânsito provocado por estabelecimentos que atraem muitos veículos, como shoppings, prédios de escritórios e estádios. Para a arena corintiana, apesar de o número de vagas de carros ser mais do que o dobro da palmeirense, não se exigiu qualquer intervenção. Fixou-se só o porte do estacionamento.

Segundo o texto assinado pelo secretário dos Transportes, Marcelo Cardinale Branco, as obras viárias necessárias para o empreendimento já “estão contidas no Plano de Desenvolvimento da Zona Leste”, convênio assinado entre o governo do Estado e a Prefeitura, em abril. O projeto prevê cinco intervenções – orçadas em R$ 478,2 milhões e pagas com recursos públicos – para melhorar o acesso às imediações do estádio, entre elas, a construção de uma via para ligar a Avenida Itaquera e a Radial Leste.

Quem passa diariamente pelas redondezas do Itaquerão reclama dos gargalos no trânsito, e teme que possam piorar com o estádio. Um deles é o entroncamento das avenidas Miguel Inácio Curi e Itaquera. Estreitas, as vias comportam mal o volume de veículos nos picos. O frentista Esequiel Batista, de 30 anos, diz que, além disso, o trânsito é agravado por falta de opções. “Aqui não há ruas paralelas que possam servir de alternativa.”

Ele defende que as alterações sejam parcialmente custeadas pelo Corinthians, ao contrário do motorista Rodrigo da Silva Conceição, de 30 anos, que prega o alargamento das avenidas da área. Ele acha que as obras são de responsabilidade do poder público.

Para o especialista em transportes Jaime Waisman, não se pode dar tratamentos diferentes para casos parecidos. “A lei tem que ser igual para todos.”A Prefeitura alegou em nota que os dois estádios ficarão em pontos com diferentes características de urbanização.

Regiões são diferentes, diz Prefeitura

Em nota, a Prefeitura informou que os dois estádios estão sendo erguidos em regiões com características de urbanização distintas. Segundo o texto, a Arena Palestra estará em uma área onde “há um desenvolvimento mais consolidado, com grande oferta de transporte público e infraestrutura”.

Também ali, “a densidade populacional e o uso do solo” são muito maiores do que em Itaquera. A Prefeitura diz que a região “está em pleno desenvolvimento e, por isso, conta com uma série de iniciativas do poder público para acelerar esse processo”. Além do Plano de Desenvolvimento da Zona Leste, a região tem obras “em desenvolvimento”, como a extensão da Radial.

O Corinthians também diz que a diferença entre as exigências se devem “sobretudo ao entorno de cada” estádio. O diretor de marketing do clube, Luis Paulo Rosenberg, disse que o estádio se situa em uma área com malha de transporte adequada “ao uso exclusivamente futebolístico” do local. “Ao contrário de times menores que precisam de receitas de show para viabilizar seus estádios, o nosso se pagará com a renda dos nossos jogos.” O Palmeiras não se manifestou.

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